As Universidades de Concordia e Montreal, ambas no Canadá, organizaram um concurso internacional para estudantes que desafiava os participantes a reimaginar a experiência do transporte público em uma metrópole pós-pandemia. O certame tinha como objetivo estimular o debate sobre novas experiências proporcionadas pelo transporte público visando melhorar a resiliência urbana.
Entre as mais de oitenta propostas recebidas, os organizadores buscaram identificar aquelas que melhor abordavam a temática a partir das novas narrativas associadas ao transporte público no contexto de (pós)pandemia; propostas de desenho que promovam o uso do transporte público; e princípios de design que fomentem novas experiências dos sistemas públicos de transporte.
O projeto Overtime, desenvolvido pelas estudantes Juliana Alexandrino Baraldi, Carolina Cipriano de Oliveira e Natália Chueiri, do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, sob orientação do professor e arquiteto Ricardo Gonçalves, foi um dos cinco premiados na competição. A proposta consiste em "uma nova ideia para a população sair do desconforto sensorial, proporcionando um ambiente apreciável pela sociedade, e demonstrando que o ir e vir pode ser como andar pela rua e trazer de volta aquela vontade de usufruir desses meios de transporte."
De acordo com as autoras do projeto, "a pandemia nos trouxe 'o novo agora', uma nova forma de ver a vida e realizar nossos hábitos. Quando falamos em pandemia, logo pensamos no medo de lugares fechados, de aglomerações e no risco de contaminação, aspectos estes que não eram nossas preocupações há um ano e meio." Este cenário, dizem as estudantes, "gera certo desconforto na utilização do transporte público, principalmente por se tratar de um local com pouca ventilação e no caso do metrô, sem iluminação e ausência da paisagem natural. Estes pontos agora são muito valorizados, uma vez que proporcionam segurança e em parte, alívio."
A solução para a equação pode estar em levar a paisagem para dentro do sistema de transporte urbano:
Para acabar com as sensações negativas de estar no subsolo e fazer com que a população participe da dinâmica da natureza, foi pensado em um meio de trazer a paisagem de fora em tempo real através de painéis iluminados que transmitem o decorrer do dia e do ano (incluindo as estações), captados por câmeras externas instaladas na superfície da entrada das estações, promovendo, assim, conforto, acolhimento, segurança para todos os cidadãos.
A organização do concurso atribuiu ainda uma menção honrosa a outra equipe brasileira – vinda da mesma instituição de ensino e orientada pelo mesmo professor. O projeto Cubic, desenvolvido por Ana Beatriz Azevedo, Isabela Lourenção, Júlia de Carvalho, Nicole Bringel, Rebeca Elias e Victor Rogato, consiste em "um ponto de ônibus modular, capaz de se adaptar às diferentes tipologias de ruas e calçadas encontradas em qualquer cidade pelo mundo" e foi concebido para "alcançar uma experiência interativa e intuitiva para usuários diários e visitantes."
Segundo a equipe, "cada módulo tem uma função e formato único, que são compatíveis entre si, independente da ordem utilizada. A intenção é um projeto flexível que permite uma variedade de opções para melhor satisfazer às necessidades de uma região, permitindo organizar e implantar cada modelo de maneira única." A proposta oferece, ainda, uma solução para o problema da higienização do transporte público:
Cubic foi projetado para uma experiência pós pandêmica onde os usuários possam se sentir seguros ao realizar atividades diárias. Os bancos são interligados com um sistema de luzes que interagem com os assentos, evitando o contato direto entre as pessoas e permite, ainda, a higienização necessária dos transeuntes quando anexado o módulo de lavatório.
Participaram do concurso outras 28 equipes brasileiras. Para conhecer mais a fundo a proposta vencedora, acesse a página oficial do concurso.